quarta-feira, 16 de setembro de 2009

No fluxo (lento) das mensagens virais Modelo matemático revela que informações na internet se espalham mais devagar que o esperado
Pesquisadores espanhóis desenvolveram um método capaz de prever o alcance e a velocidade com que as mensagens vão se espalhar na internet (foto: sxc.hu).Quem nunca recebeu por e-mail uma corrente de “passe para frente”, uma promoção um tanto suspeita ou aquele vídeo-sensação da semana? A disseminação de informações na internet é um fenômeno atual que merece atenção e, por isso mesmo, pesquisadores espanhóis da Universidade de São Carlos, em Madrid (Espanha), voltaram os olhos para a verdadeira epidemia que alguns desses conteúdos provocam na rede. Por meio de cálculos matemáticos, eles desenvolveram um método capaz de prever o alcance e a velocidade com que as mensagens vão se espalhar na web. O resultado foi inesperado: a informação transmitida por e-mail caminha a passos lentos. Segundo os pesquisadores, as informações na internet são como vírus – infectam usuários e possuem até mesmo tempo de encubação. No entanto, as tradicionais equações usadas para prever epidemias não funcionam na análise da rede: elas não levam em conta a heterogeneidade da ação humana. “Enquanto algumas pessoas repassam um e-mail logo depois de recebê-lo, outras podem levar dias ou até mesmo apagá-lo de cara”, explica Esteban Moro, um dos matemáticos responsáveis pela pesquisa. O estudo revelou que a maioria de nós demora em média um dia para repassar ou responder a um e-mail, mas 20% dos usuários da rede levam mais de uma semana para isso. Infectados por links que vão de vídeos de sucesso a campanhas de marketing viral, internautas de todo o planeta dão sequência à corrente de mensagens com velocidades diferentes. Essa variação no tempo de reposta de um e-mail é o que vai determinar o alcance que a mensagem vai ter. Enquanto alguns e-mails se espalham pela rede em minutos, outros podem circular durante anos. Os pesquisadores deram o exemplo de um anúncio que por 11 anos se alastrou pela rede. Na verdade, trata-se de uma promoção que nunca existiu. O e-mail incentivava o usuário a encaminhar a mensagem para 10 pessoas, com cópia para a empresa de bebidas Veuve Clicquot. O falso prêmio para quem cumprisse a missão: garrafas de champanhe. Os pesquisadores explicam que, em casos como esse, a mensagem não atingiu o chamado tipping point (ponto de ebulição, em inglês), a partir do qual a informação passa a ser disseminada rapidamente. Uma mensagem não atinge esse ponto quando a sua disseminação é controlada por pessoas “menos ativas”, que demoram a repassar e-mails. Já se o grupo que dissemina uma determinada mensagem é “ativo”, ela vai se espalhar em instantes. “Acima do tipping point, a mensagem não só chega a uma grande parcela da população, como também chega em questão de minutos”, diz Moro. “Não porque a mensagem seja importante, mas porque pessoas ativas estão controlando a difusão de informação.” Rastreamento de e-mails Para desenvolver seus modelos matemáticos, os pesquisadores iniciaram uma campanha com a empresa IBM. O objetivo era agregar contatos de e-mail para o boletim de notícias da empresa. Uma das ações virais foi criar uma página onde o internauta poderia se inscrever no boletim e concorrer a um laptop caso indicasse e-mails de amigos.
Gráfico que ilustra como uma informação se propaga na rede em oito dias. Os círculos representam os internautas e as setas, a disseminação da mensagem (imagem: Esteban Moro e José Luis Iribarren).Os pesquisadores rastrearam as mensagens da campanha e constataram que em dois meses a notícia chegou a 11 países da Europa e atingiu mais de 30 mil pessoas. “Com essa experiência somos capazes de predizer, com uma margem mínima de erro, a quantas pessoas a informação chegará e em quanto tempo”, conta Moro. Apesar de ter atingido um grande número de pessoas, a campanha da IBM não alcançou o tipping point, o que quer dizer que foi controlada por pessoas menos ativas e se disseminou lentamente. Segundo Moro, isso acontece com 90% dos conteúdos da rede que são repassados por e-mail, como campanhas de marketing viral, rumores e trotes de internet. “Coletivamente, a maior parte da informação se move mais lentamente do que o esperado.” No entanto, o resultado da campanha foi positivo: 75% das pessoas aderiram ao boletim por meio das indicações de amigos. “Isso significa que a campanha foi muito exitosa, já que a maioria das pessoas recebeu a mensagem da campanha sem nenhum custo para a IBM”, diz Moro. O pesquisador acredita que sua pesquisa terá profundas consequências para as campanhas de marketing viral. “Do ponto de vista de uma empresa de marketing, o modelo é muito interessante, pois permite a ela avaliar o custo da campanha e o retorno do investimento”, explica Moro. Apesar de o modelo ter sido inicialmente aplicado às informações difundidas por e-mail, os pesquisadores afirmam que ele pode ser usado para medir a disseminação de informações nas páginas virtuais de relacionamento, redes sociais, blogues e outros meios de comunicação on-line. “As previsões do nosso modelo são gerais e valem para qualquer tipo de informação transmitida por humanos”, explica Moro, que agora planeja estudar a propagação de links no serviço de microblogue Twitter. Sofia Moutinho Ciência Hoje On-line 10/09/2009

quarta-feira, 1 de abril de 2009

ESPECIAIS - A CULTURA DO AUTOMOVEL

Individualismo e caos no trânsito
Motoristas brasileiros carecem de noções de civilidade e de espaço público, diz estudo
O trânsito caótico da cidade de São Paulo foi escolhido como palco de um estudo sobre o comportamento dos condutores, envolvendo a percepção que têm de espaço público. Fosse um teste, estaria reprovada a maioria dos entrevistados, que assume uma postura individualista na qual o interesse pessoal está acima da lei e, portanto, do bem-estar coletivo.

"Não há noção de espaço público e de civilidade na orientação da conduta dos usuários de trânsito em São Paulo", afirma a socióloga Alessandra Olivato, responsável pela pesquisa, base de sua dissertação de mestrado defendida em 2002, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH/USP).
Foram feitas entrevistas de cerca de uma hora com 54 pessoas, abordadas nas ruas de São Paulo, pertencentes às seguintes categorias: pedestres, motoboys, motoristas de carro, ônibus, táxi e lotação. Cada um falou livremente da percepção que tem de si mesmo e dos outros no trânsito, como entende as leis e autoridades, o espaço público e a civilidade.
A partir dos resultados, Olivato observou que há uma 'lógica privada' que rege a conduta dos agentes do trânsito. "Nessa lógica a tentativa de cumprir a lei, por exemplo, não está relacionada ao bem comum, mas a princípios religiosos, ao caráter ou à boa educação familiar", diz. A maioria dos entrevistados admite cometer infrações, via de regra justificadas por motivos pessoais, que são sentidos como prioritários à lei. Boa parte refere-se às leis como meramente punitivas, considerando as autoridades de trânsito rigorosas e injustas, e relaciona os pedestres, assim como os demais motoristas, a 'obstáculos' do trânsito.
A pesquisadora associa a má conduta dos motoristas a uma tendência à privatização do espaço público, predominante nas duas últimas décadas, seguida da desvalorização do mesmo. "Hoje o espaço público é sentido como um lugar desagradável, devido a fatores como violência e poluição de todos os tipos", diz Olivato, que lembra que o espaço público é o 'lugar do cidadão'.
A tendência é agravada por fatores históricos que imprimiram um sentido negativo à cidadania brasileira. "Não há orgulho em dizer 'sou cidadão' no Brasil. Sentimos ter deveres mas não direitos", diz, acrescentando que em um país onde as pessoas não se sentem cidadãs, a individualidade acaba prevalecendo. "Isso afeta a nossa conduta no trânsito, tornando-a hostil e agressiva", afirma a socióloga.
O estudo também relaciona tal comportamento à má formação dos condutores e destaca o Novo Código de Trânsito, em vigor desde 1998, como um importante instrumento de possível mudança na conduta dos motoristas. Com ele, algumas auto-escolas substituíram a formação tradicionalmente técnica dos condutores por cursos que incluem noções de civilidade e direção defensiva -- em que o condutor deve prever os eventos no trânsito --, além de palestras e noções de primeiros socorros essenciais à boa convivência nesse espaço público. Mas os resultados ainda são muito incipientes.
Enquanto os motoristas e pedestres não desenvolvem uma educação cívica no trânsito, baseada no sentimento de co-responsabilidade pelo bem coletivo, a punição prevista nas leis ainda contribui para coibir as infrações e defender uns dos outros no caos urbano.
Ciência Hoje 192, abril 2003
Maria Ganem,
Ciência Hoje/RJ
Individualismo e caos no trânsito
Motoristas brasileiros carecem de noções de civilidade e de espaço público, diz estudo
O trânsito caótico da cidade de São Paulo foi escolhido como palco de um estudo sobre o comportamento dos condutores, envolvendo a percepção que têm de espaço público. Fosse um teste, estaria reprovada a maioria dos entrevistados, que assume uma postura individualista na qual o interesse pessoal está acima da lei e, portanto, do bem-estar coletivo.

"Não há noção de espaço público e de civilidade na orientação da conduta dos usuários de trânsito em São Paulo", afirma a socióloga Alessandra Olivato, responsável pela pesquisa, base de sua dissertação de mestrado defendida em 2002, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH/USP).
Foram feitas entrevistas de cerca de uma hora com 54 pessoas, abordadas nas ruas de São Paulo, pertencentes às seguintes categorias: pedestres, motoboys, motoristas de carro, ônibus, táxi e lotação. Cada um falou livremente da percepção que tem de si mesmo e dos outros no trânsito, como entende as leis e autoridades, o espaço público e a civilidade.
A partir dos resultados, Olivato observou que há uma 'lógica privada' que rege a conduta dos agentes do trânsito. "Nessa lógica a tentativa de cumprir a lei, por exemplo, não está relacionada ao bem comum, mas a princípios religiosos, ao caráter ou à boa educação familiar", diz. A maioria dos entrevistados admite cometer infrações, via de regra justificadas por motivos pessoais, que são sentidos como prioritários à lei. Boa parte refere-se às leis como meramente punitivas, considerando as autoridades de trânsito rigorosas e injustas, e relaciona os pedestres, assim como os demais motoristas, a 'obstáculos' do trânsito.
A pesquisadora associa a má conduta dos motoristas a uma tendência à privatização do espaço público, predominante nas duas últimas décadas, seguida da desvalorização do mesmo. "Hoje o espaço público é sentido como um lugar desagradável, devido a fatores como violência e poluição de todos os tipos", diz Olivato, que lembra que o espaço público é o 'lugar do cidadão'.
A tendência é agravada por fatores históricos que imprimiram um sentido negativo à cidadania brasileira. "Não há orgulho em dizer 'sou cidadão' no Brasil. Sentimos ter deveres mas não direitos", diz, acrescentando que em um país onde as pessoas não se sentem cidadãs, a individualidade acaba prevalecendo. "Isso afeta a nossa conduta no trânsito, tornando-a hostil e agressiva", afirma a socióloga.
O estudo também relaciona tal comportamento à má formação dos condutores e destaca o Novo Código de Trânsito, em vigor desde 1998, como um importante instrumento de possível mudança na conduta dos motoristas. Com ele, algumas auto-escolas substituíram a formação tradicionalmente técnica dos condutores por cursos que incluem noções de civilidade e direção defensiva -- em que o condutor deve prever os eventos no trânsito --, além de palestras e noções de primeiros socorros essenciais à boa convivência nesse espaço público. Mas os resultados ainda são muito incipientes.
Enquanto os motoristas e pedestres não desenvolvem uma educação cívica no trânsito, baseada no sentimento de co-responsabilidade pelo bem coletivo, a punição prevista nas leis ainda contribui para coibir as infrações e defender uns dos outros no caos urbano.
Ciência Hoje 192, abril 2003
Maria Ganem,
Ciência Hoje/RJ

Introdução à Cinemática

Cinemática é a parte da física que estuda o movimento sem se preocupar com os motivos (força) que originam esse movimento. As forças são estudadas na dinâmica.

Para chegarmos ao estudo da dinâmica teremos que organizar informações sobre a posição, o deslocamento, o espaço percorrido, a velocidade, a rapidez e a aceleração dos corpos que estudaremos aqui na Cinemática.

Conceitos Básicos

1. Espaço

Considere um corpo em movimento em uma trajetória (percurso) conhecida . Sua posição nessa trajetória irá depender de um ponto de referência que podemos simbolizar por o. O deslocamento desse corpo a partir de o é a posição dele na trajetória, e esse percurso feito pelo corpo é denominado espaço, simbolizado pela grandeza s.

Exemplo:
Quando estamos viajando e passamos por uma placa Km 25, por exemplo, entendemos que estamos a 25 km do Km 0 que pode ser considerado a origem da trajetória.


No ponto o, denominada origem do espaço, o espaço s é igual a zero, pois não ocorreu deslocamento.

Em qualquer outro ponto dessa trajetória o espaço poderá assumir valor negativo ou positivo, dependendo da sua orientação que indica o sentido para o qual o espaço cresce.


O Sistema Internacional de Unidades (SI) estabelece como unidade de medida do espaço o metro (m).

2. Deslocamento Escalar

Como no item anterior, deslocamento é o espaço percorrido em uma determinada trajetória.
Veja:



Um corpo em uma mesma trajetória em espaços diferentes.

Concluímos que a variação dos espaços e tempo percorridos por esse corpo é calculado da seguinte forma:

∆S = S2 - S1 ∆t = t2 - t1

Então, se o corpo desloca:
• no sentido da trajetória: S2 > S1 → ∆S > 0

• no sentido oposto ao da trajetória: S2 <>1 → ∆S <>

Agora, se no instante t1 e t2, o corpo estiver na mesma posição teremos: